A Voz Delas Ecoou Forte nas Eleições, mas a Caminhada Continua
Mulheres da Região se Destacam nas Campanhas, Desafiando o Conservadorismo Político
Há 92 anos, o voto feminino foi instituído no Brasil pelo Código Eleitoral de 1932. Esse marco, muitas vezes descrito como uma “alforria política”, garantiu o direito das mulheres de votar e serem votadas, mas, assim como a abolição da escravatura, foi apenas o primeiro passo rumo a um equilíbrio entre os gêneros na política. A sociedade patriarcal, profundamente enraizada, continua a ser uma barreira significativa, perpetuando expressões como “Mulher não vota em mulher” ou “Lugar de mulher é na cozinha”. Essas ideias, reiteradas ao longo dos anos, contribuíram para o afastamento das mulheres de posições de liderança política.
Embora as mulheres tenham superado muitas dessas barreiras, como mostram dados do IBGE, que indicam maior escolaridade e expectativa de vida entre elas, a representatividade política feminina ainda está longe de refletir a realidade de sua presença na sociedade. No entanto, os avanços são inegáveis. Os movimentos feministas, aliados a políticas públicas e legislações contra a discriminação, têm fortalecido o papel das mulheres no cenário político.
Nas eleições municipais recentes, apesar de não terem conquistado todas as vitórias esperadas, as mulheres da região protagonizaram campanhas impactantes. Rosângela Santos, em Embu das Artes, Camila Godoi, em Itapevi, e Dra. Larissa Canavez, em Vargem Grande Paulista, mostraram força, resiliência e carisma.
Também advém o Mandato Coletivo Feminino, para vereadora’s em Cotia com 4 mulheres inovadoras que faz política de forma diferente e buscam participação ativa nas esferas de decisão. Essas mulheres foram as mais votadas em 2020, entre elas; Silvana Diretora de Escola Pública e Particular, Cristina Empreendedora Digital e influencer, Ana Ecoambientalista e Rosangela Educadora e PCD.
Suas campanhas foram marcadas por um engajamento expressivo da população, desafiando o conservadorismo e o machismo estrutural que ainda dominam a política local.
Rosângela Santos, do PT, foi a terceira mulher mais votada por seu partido em 2022 e teve uma excelente campanha à prefeitura de Embu das Artes. Camila Godoi, do PSB, com três mandatos de vereadora em Itapevi e uma trajetória sólida, também obteve um desempenho admirável. Dra. Larissa Canavez, do PL, embora em sua primeira eleição, mostrou competência como gestora pública em Vargem Grande Paulista.
Essas mulheres, embora não tenham conquistado a vitória eleitoral, deixaram claro que o espaço delas na política é legítimo e necessário. Elas provaram que estão prontas para liderar e, mais importante, que são aceitas por uma parcela crescente do eleitorado, que reconhece nelas a capacidade de mudança e inovação.
Entretanto, o machismo estrutural persiste. Elas enfrentaram questionamentos e ataques misóginos, sendo constantemente desafiadas em relação às suas capacidades e competências. Mesmo assim, permaneceram firmes e mostraram que suas vozes não serão silenciadas. A Lei 14.192/2021, que estabelece normas para combater a violência política de gênero, foi um importante avanço, mas a luta por igualdade na política ainda é árdua.
Apesar de não ser ainda “a vez delas” completamente, como muitos esperavam, o caminho está pavimentado. As campanhas dessas mulheres foram passos importantes para a transformação da política regional. A cada eleição, o espaço para a participação feminina se amplia, e o velho discurso de que “mulher não vota em mulher” perde força.
Agora, mais do que nunca, o lugar da mulher na política está sendo conquistado, e o futuro reserva ainda mais protagonismo.
Hoje, não se trata apenas de vencer uma eleição, mas de criar as bases para um futuro mais inclusivo e igualitário. E, com certeza, estamos no caminho certo.
Advogada-Jornalista
Chefe de Gabinete – Secretaria da Mulher e Família do Município de Vargem Grande Paulista. Consultora e Articuladora Política da ACAAPESP, Conselheira de Assuntos Jurídicos da OTB – Ordem dos Trabalhadores do Brasil.Atriz – Membro do NAI Brasil – Núcleo dos Artistas Independentes do Brasil.
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